Olhar crônico - blog
Tomada isoladamente, a verba recebida com os direitos de transmissão dos jogos tem sido a maior componente entre os diversos itens que compõem a receita operacional dos clubes brasileiros. Pensando numa forma ideal, os clubes de futebol, ou melhor, o futebol profissional dos times, inclusive as divisões de base, deveria ser mantido unicamente com essas receitas. Delas não fazem parte, evidentemente, os valores obtidos com as transferências de atletas. Assim como as contratações não deveriam fazer parte do item “Despesas Operacionais”. Era o que preconizava o, na prática, extinto G14 para seus filiados, os maiores clubes de futebol do mundo.
Recordando rapidamente, as principais fontes de receitas operacionais, são:
- Direitos de TV
- Bilheteria (ou Matchday, no conceito europeu, mais completo)
- Receitas de Marketing - Patrocínios
- Licenciamento da Marca
- Receitas com Sócios-Torcedores
Idealmente, os clubes que possuem estádios devem administrá-los à parte, como um centro próprio gerador de receitas e despesas. A própria publicidade estática incluída no pacote de negociação da TV, deve ser contabilizada na conta “estádio”.
Novamente num conceito do que seria ideal, deveria haver o máximo equilíbrio entre os itens operacionais, de forma a que o clube pouco sofresse no caso de um problema com um ou outro, numa visão pessimista, ou, numa visão otimista, de forma a que o clube buscasse sempre auferir o máximo de rendimento em cada um deles, ao mesmo tempo, elevando a receita total.
Infelizmente, por motivos muitos que não cabe agora analisar, nossos clubes são TV-dependentes.
Não por coincidência, a organização e seriedade do modelo implantado pelas emissoras, relacionando-se de forma mais profissional com os clubes, através de seu representante, o Clube dos Treze, processo ainda mais evidente depois da introdução do sistema de pontos corridos, tem levado os clubes a uma progressiva melhoria em sua organização. Ressalve-se que essa é tão somente a opinião desse blogueiro.
Feita essa introdução, vamos ao tema desse post, propriamente dito.
Falando um pouco sobre os Direitos de Transmissão do Brasileiro
Com o novo contrato negociado válido para o triênio 2009/2011 entre emissoras e clubes, passamos a ter doravante pelo menos duas formas distintas de pagamento: o correspondente às emissoras de sinal aberto e fechado, e o pagamento referente aos jogos vendidos pelo sistema PPV - pay per view ou pagar-para-ver.
(Como marketing é um dos meus assuntos preferidos, minha escolha de nome é pay-per-view, em inglês, apenas como curiosidade. Combinam melhor.)
O pagamento é dividido em doze parcelas mensais.
É importante ter em mente que de cada pagamento são deduzidos 5% de direito de arena para os atletas e mais 5% para o INSS. Até a temporada passada havia ainda o desconto de 1,75%, referente à taxa de manutenção do Clube dos Treze. Durante a negociação do novo contrato, o Clube dos 13 negociou a cessão de seus direitos de nome com a Rede Globo, pelo valor de 10 milhões de reais. Esse valor, negociado à margem do contrato principal, na prática significa um aumento de igual quantia no bolo destinado aos clubes, ainda que de forma indireta, pois o Clube não mais é mantido pelas contribuições dos associados.
Para 2009, a verba destinada aos clubes é de 300 milhões de reais por parte das emissoras abertas e fechadas, e mais 110 milhões por parte do PPV.
Da verba de 300 milhões sairão, também, os pagamentos das despesas de viagens e estadia (despesas de hotel) dos clubes, que são feitas pelo Clube dos Treze.
Na assembléia de 15 de janeiro ficou definido que os clubes teriam direito a um mínimo de 1,5% na distribuição das verbas do PPV, desde que não tivessem alcançado esse percentual nas pesquisas encomendadas para aferir a participação de cada torcida.
Essa mesma assembléia delegou à diretoria executiva do Clube dos Treze a negociação com os 4 clubes convidados: Náutico, Avaí, Santo André e Barueri.
Além das cotas referentes aos direitos, eles também terão suas despesas de viagens e estadia pagas.
Outro esclarecimento: o Clube dos Treze funciona como uma empresa independente, recebendo o dinheiro das emissoras e distribuindo-o entre seus associados. Essa forma pode gerar protestos de algumas torcidas, mas foi a fórmula encontrada pelos clubes brasileiros para se relacionarem com as emissoras, negociando seus direitos e a administração dos recursos recebidos.
Como nos anos anteriores, os clubes estão divididos em alguns grupos:
I - Flamengo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Vasco da Gama;
II - Santos;
III - Grêmio, Internacional, Cruzeiro, Atlético Mineiro, Fluminense, Botafogo;
IV - Atlético Paranaense, Coritiba, Goiás, Sport, Vitória
V - Portuguesa;
VI - Bahia, Guarani;
VII - Convidados: Náutico, Avaí, Santo André, Barueri.
Os membros de cada grupo têm direito a uma cota fixa sobre o valor dos direitos para as emissoras de sinal aberto e fechado; cada divisão ficará mais clara de ser percebida na tabela a seguir, que mostrará os valores fixos citados e os valores variáveis do PPV, exceto para os times que receberão a cota mínima.
Aos valores, então:
Tipo | Cota fixa | PPV | % | Total |
Total | 300.000.000 | 110.000.000 | 100% | |
Clubes | Cota 2009 | Cota 2009 | % Pesq. | Valor total |
Flamengo | 21.000.000 | 15.224.000 | 13,84 | 36.224.000 |
Corinthians | 21.000.000 | 10.747.000 | 9,77 | 31.747.000 |
São Paulo | 21.000.000 | 10.131.000 | 9,21 | 31.131.000 |
Palmeiras | 21.000.000 | 9.053.000 | 8,23 | 30.053.000 |
Santos | 18.000.000 | 2.662.000 | 2,42 | 20.662.000 |
Vasco* | 10.500.000* | 7.106.000 | 6,46 | 17.606.000 |
Subtotal | 112.500.000 | 54.923.000 | 49,93 | 167.423.000 |
Grêmio | 15.000.000 | 8.987.000 | 8,17 | 23.987.000 |
Internacional | 15.000.000 | 7.557.000 | 6,87 | 22.557.000 |
Cruzeiro | 15.000.000 | 7.216.000 | 6,56 | 22.216.000 |
Atlético MG | 15.000.000 | 6.534.000 | 5,94 | 21.534.000 |
Fluminense | 15.000.000 | 6.105.000 | 5,55 | 21.105.000 |
Botafogo | 15.000.000 | 5.137.000 | 4,67 | 20.137.000 |
Subtotal | 90.000.000 | 41.536.000 | 37,76 | 131.536.000 |
Atlético PR | 11.000.000 | 1.991.000 | 1,81 | 12.991.000 |
Coritiba | 11.000.000 | 1.650.000 | 1,50 | 12.650.000 |
Goiás | 11.000.000 | 1.650.000 | 1,50 | 12.650.000 |
Sport | 11.000.000 | 1.650.000 | 1,50 | 12.650.000 |
Vitória | 11.000.000 | 1.650.000 | 1,50 | 12.650.000 |
Portuguesa | 5.500.000 | 1.650.000 | 1,50 | 7.150.000 |
Bahia | 3.450.000 | 1.650.000 | 1,50 | 5.100.000 |
Guarani | 3.300.000 | 1.650.000 | 1,50 | 4.950.000 |
Subtotal | 67.250.000 | 13.541.000 | 12,31 | 80.791.000 |
Total | 269.750.000 | 110.000.000 | 100% | 379.750.000 |
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